quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Oração de Natal


Conta uma lenda muito antiga, que quando os três Reis Magos, Melchior, Belchior e Baltazar, foram visitar Jesus na manjedoura, levaram ao menino lindos presentes! Mas havia um quarto rei, esse era persa, que também viera visitar o menino Jesus... Quando ele entrou, Jesus sorriu em direção ao novo visitante... Todos olharam na direção na direção do sorriso de Jesus...

Era um jovem moreno claro. Apresentou- se dizendo que também viera ofertar seu presente ao menino Deus!

- Mas onde estão os presentes? Perguntaram, em uníssono, os Reis Magos!

- Eram três lindas e valiosas pérolas, falou meio constrangido. E revelou que, durante o trajeto, viu um pecador desesperado porque iria perder toda sua pesca, Seu barco estava com o fundo quebrado e não tinha como alugar outros, já que a carga era pesada... Contava tanto com essa venda para dar mais conforto à família e tratar da doença de seu filho mais velho, que havia sido separado dele, por portar hanseníase... Queria dar- lhe pelo menos Mais conforto lá onde ele se encontrava. . Lágrimas desciam pela face enrugada do pescador.

O Rei mostrou a pérola e disse de seu valor e presenteou o pobre pescador com a mesma.
Prosseguiu sua caminhada e encontrou os soldados de Herodes, que tinham as espadas sujas de sangue dos inocentes que, tinham ordem de matar, com idade compreendida entre zero a dois anos, para que não se salvasse nenhuma criança que pudesse por em risco o poderio do Império romano!

Uma mãe chorava copiosamente com seu filhinho nos braços implorando aos soldados pela vida dele.

Vendo semelhante cena o jovem Rei, negociou a segunda pérola com os soldados, a mulher e seu filho ficaram a salvo.

Agora só tinha uma pérola para dar ao Menino Jesus! Seguiu seu destino.
Mais adiante, novo alvoroço, agora tratava- se de uma mulher, que estava sendo açoitada porque não havia seguido os costumes... Ela olhou- me com olhos suplicantes, era frágil, não iria suportar tantas chibatadas...

Mostrou a pérola que luzia em sua mão. Comprometo-me em levar essa mulher em troca desta pérola. Ficaram quietos depois, assistiram e resolveram soltar a mulher. Negócio fechado. Acomodaria a moça como uma das criadas de sua jovem esposa...

Agora, dirigia-se a passos firmes para o local aonde a estrela conduzia... Com as mãos vazias e com o coração cheio de amor ao próximo.

O menino Jesus, mostrou-se muito feliz com o presente: a alma generosa do jovem rei.

- Que bela história, disse mamãe. Natal é tempo de reflexão da retomada dos nossos valores e das mudanças que podem e devem ser feitas conforme os ensinamentos de Jesus
Jesus não espera de nós sacrifícios, nem dinheiro nem jóias ou outras vaidades do mundo. Ele espera de nós boas ações!

Meu padrinho interveio: Precisamos abrir mais nossos corações, deixar entrar a caridade e o amor ao próximo!

Vovó entrou na conversa:

- Com um simples abraço ou um sorriso, podemos, às vezes, dar a vida de uma pessoa. Jesus veio para nos ensinar que todos somos irmãos e devemos dar as mãos com fraternidade. Um abraço e um sorriso valem mais que mil palavras, quando é sincero e brota do fundo do coração. As pessoas felizes são aquelas que estão em paz consigo mesmas.

Titio voltou a falar:

- É Natal, vamos rever nossos propósitos, não só os pessoais, mas aqueles que poderão favorecer ao nosso próximo, a comunidade e a própria sociedade em que vivemos...
Mamãe convidou;

- Vamos fazer uma oração de Natal? Todos concordaram. Mamãe prosseguiu.
É Natal, Jesus nasceu! Que a paz do senhor seja derramada sobre a terra, que haja compreensão e amor entre os homens, que a guerra seja evitada, que nossos irmãos, tenham vida, saúde e trabalho para sustentar seus lares. Que todos sejam abençoados com pão nosso de cada dia, com saúde e prosperidade. Amém Feliz

Natal! Feliz Natal repetiram todos em coro...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O verdadeiro sentido do Natal

Liliane chegou apressada. Tinha que se vestir para ir trabalhar. Ela cantava no Coral da Igreja e nestes dias atribulados, próximos ao Natal, ela não tinha tempo para mais nada! Havia tantos compromissos agendados, reuniões, festas de confraternização e mais as apresentações do Coral... De fato, o dia precisaria de mais horas, pensou alto.
Mas ela gostava do que fazia, adorava cantar, desde pequenina! Na escola, fazia parte do orfeão. A irmã Rosa sempre a elogiava!
Que época esta!Deveria ser tão tranqüila! Mas não é! As pessoas procurando presentes nas lojas! Os caixas pedindo organização para que todos possam ser atendidos! Xingamentos, palavrões, brigas... Credo! As pessoas ficam histéricas! Só pensam na festa, na ceia, nos presentes... E o motivo pelo qual festejamos o Natal, onde foi parar? Onde está o verdadeiro espírito natalino???
Bem, pensou Liliane, nem mesmo eu fiz nada de importante para festejar o Natal!!! Nem havia comprado o peru!!! Agora bem próximo da data os preços com certeza iriam disparar... Tudo bem, compraria uma ave natalina. Que bom que hoje, elas existem...
Primeiro tenho que comprar os presentes para meus familiares, afilhados... Como está na Bíblia, em Mateus: “Primeiro os teus”... Preciso achar um tempinho, preciso programar. Minhas compras...
Que bobagem destes religiosos, andar cantando em hospitais, asilos e creches??? Eles tem cada uma!!! Se bem que... Quando cantamos no hospital hoje pela manhã, na ala do câncer infantil, para as crianças estavam fazendo quimioterapia. Tão pequenos... Sofrendo tanto! Pobrezinhos. Cheguei perto da cama de um menino, franzino, cabecinha raspada, devia ter nove anos. Não mais. Ele encolheu-se todo e ficou me olhando assombrado. Pisquei para ele e cantei alegremente junto com as demais componentes do Coral, a canção Boas Festas... O menino respondeu a minha piscadela e vi, no fundo de seus olhinhos, brotar a esperança...


Deixei o Coral sair e voltei. Peguei na sua mãozinha e disse-lhe:
- Tudo vai passar. Tudo vai ficar bem!
Ele sorriu para mim e respondeu:
- Agora, tenho certeza que vou me curar, pois Jesus mandou seus anjos me confortarem... O que??? Anjos... Chorei, chorei muito. As lágrimas ofuscavam minha visão!!!
- Não chora moça... Você não está doente!!! Beijei sua mãozinha e sai dali com o espírito dolorido...
Epa! Mas perai! Não é este o verdadeiro espírito do Natal? Claro Devolver a esperança a quem precisa, fazer sorrir uma criança, abraçar com carinho os velhinhos que não tem mais família... Caridade, fraternidade, amor. Estes são os presentes mais apreciados pelo menino Jesus...
Tomara que todos compreendam isso!!! Como eu compreendi!
Liliane chegou sorrindo no escritório. Viu passarinho verde? Perguntou a colega, brincando...
- Não! Respondeu, mas descobri o verdadeiro sentido do Natal!!!
Quer saber qual é?

domingo, 20 de dezembro de 2009

A Boneca

Peguei um galho de árvore seco, passei uma mão de cal... Pronto! Ficaria lindo na sala. As crianças vieram correndo com as bolas e sininhos feitos de papel dourado e prateado que juntavam das carteiras de cigarro, e que eram elaborados na escola como trabalhos manuais. Olha mãe! Vamos enfeitar a árvore de Natal! Eles gostavam tanto de enfeitar a casa! Eles ficam felizes e eu também. . .
Agora, vamos tomar banho e dormir, para deixar Papai Noel colocar os presentes com tranquilidade nos sapatinhos que vocês colocaram na janela!
Eles foram deitar e depois de eu desejar-lhes boa noite sai para a varanda. A noite estava muito estrelada. Uma linda noite, pensei... Meu pensamento voou ao passado e lembrei-me de minha irmãzinha caçula... Ela não caminhava sofria de uma doença estranha que aos poucos lhe ia paralisado os músculos e membros.
No dia da entrega de boletins, minha mãe sempre a levava na escola para receber o meu. Ela não queria deixá-la com ninguém. Neste dia, minha irmã viu exposta na secretaria uma linda boneca, que seria rifada na Festa de Natal, anualmente realizada na escola.
Todos os dias, dava uma passadinha na secretaria para admirar a boneca. A professora ofereceu-me um número da rifa. Quem sabe a boneca não será sua...
Hoje é o grande dia, pensei. Fui a primeira da fila a esperar o resultado. Tinha vendido duas cartelas de dez números cada, que me dava o direito de ganhar dois, grátis. Eu estava concorrendo com dois números, tinha chance...
- Vamos iniciar o sorteio da boneca! Quem ficará com ela?



Eu rezei baixinho.
- Vamos chamar a diretora, para retirar o número.
- Aqui, por favor! Passe-me o papel! O número fora retirado de dentro do saquinho, onde se lia em letras vermelhas: “Rifa”.
- Saiu para o número... Fez suspense. Repetiu de novo... Saiu para o número... 33! Disse finalmente!
- Não quero boneca, disse um menino. Que ironia do destino. A boneca saiu para um menino... E ele nem a queria!
Mas quem sabe, faça um presente a sua irmã.
- Não tenho irmã!
Cheguei perto dele e propus.
- Não quer vender a boneca?
- Não, vou dar para minha mãe
Ele correu e abraçou uma senhora morena e magrinha.
- Olha mãe eu ganhei Toma a boneca é sua!
Obrigada filho. Pena que não tenhamos uma maninha, não é ?
Ouvindo isso, arrisquei dizer::
-A senhora não quer vender a boneca?
- Para quem? Respondeu ela
- Para mim!
Ela riu... Propôs ao menino
- Vamos dar a boneca a menininha?
- Não, não e não
Ela agachou-se para ficar na altura dele e disse com ternura:
- As meninas gostam mais de brincar com bonecas e eu vou te dar aquele...
- Não! Só se me der um jogo de memória para jogar bate e vira, com meus colegas!
Então vamos comprar e dar a boneca de presente para ela, disse apontando para mim!
Corri para ela.
Abraçou-me e disse “feliz Natal”, passando-me a boneca.
Nossa! Só podia estar sonhando eu estava de posse da boneca. Saí correndo com a boneca esmagada ao peito, com medo que o menino desistisse!
- Que é isso menina, perguntou mamãe vendo-me entrar esbaforida...
Eu ganhei, ganhei a boneca para a maninha!!!
- Verdade filha?
Quer dizer, não foi bem assim, eu não ganhei no sorteio, mas da mãe do menino, que foi sorteado com ela!
Que boa pessoa, falou mamãe.
Entrei no quarto devagarinho, minha irmã virou o rosto para mim e me saudou.
- Oi mana! E a boneca?
Tirei as mãos das costas e mostrei: Esta aqui!!!
Ela estendeu os bracinhos e lhe entreguei a boneca. Ela ninou como se fosse uma criancinha. Depois me deu o mais lindo presente de Natal: O seu sorriso de agradecimento.
- Obrigada mana!!!
Nós a perdemos dois anos depois...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A Conferência

“Preciso me apressar”, pensou Lucimara.

Não posso perder o vôo e me atrasar para a Conferência! Gosto de ser pontual, nesse ponto sou incorrigível! Pontual ou apressada? Sei lá! O certo é que cheguei no horário e já estamos chegando ao nosso destino. Consulto o relógio. Ele marca 5h30min. O dia começa a raiar, vejo pela janelinha do avião a suave claridade do amanhecer.

Uma coisa, porém, eu não entendo. Por que estou viajando sozinha? onde estão os outros? Minhas colegas? Será que tomei o vôo errado?

Não! O horário previsto para a chegada era 5h30min! Vou verificar no bilhete!
“Atenção: Apertem seus cintos, preparar para aterrissagem”. Ouvi a voz do piloto! Agora não posso mexer na minha bagagem de mão. Ah! deixa prá lá, já estamos chegando mesmo...

Que estranha essa sensação de inquietude, essa incerteza de não saber direito para onde estou indo! Mas por quê? Se está tudo preparado, hotel, quarto, local da conferência, tudinho! Porque não me sinto segura?
Pronto! estava pensando bobagens! Chegamos ao hotel! Huum lindo hotel... Todos estão dirigindo-se ao balcão para pegar as chaves dos aptos. Minhas colegas já devem ter subido. Mas onde está meu marido? Ele sempre cuida dessas coisas para nós... Oh! Lucimara, você está pirando... Esta vez está viajando só. Não interessa a ele esse tipo de Conferência.

A minha chave, por favor, pedi ao jovem. O mocinho sorriu, fez sinal de espera para mim e continuou atendendo os demais passageiros... Virei-me para uma senhora madura, mais de setenta anos de idade e tentei puxar assunto, para disfarçar meu nervosismo, mas ela parece que não me ouviu. Pensei: É surda, coitada... Minha ansiedade começou a crescer! Vou verificar onde ficou a minha bagagem. Onde deixei? Onde deixei meus documentos, a minha bolsa? Os meus cartões? Meu Deus, onde larguei as minhas coisas? Minhas mãos começaram a suar... Agora eu estava quase em pânico...
Perguntei ao atendente onde costumavam guardar os pertences dos hóspedes neste hotel. Ele respondeu. Graças á Deus ele me ouviu. Pareço até invisível para todos neste local!!!Que sensação esquisita!!!

-A senhora acaba de chegar?

Respondi, com voz trêmula:

-Sim!

- A senhora terá que esperar a sua vez. Pode ficar tranquila, nós a chamaremos.Tentei brincar comigo mesma. Lucimara te acalma, respira... como escuto nas aulas de Yoga!
Que gente antipática... Cruzes!!! Peguei-me pensando! Puxa não deveria estar pensando isso, mal conheço essas pessoas!!!


Vi um grupo rindo e falando alegremente. Me aproximei e me apresentei. Um deles respondeu-

És do nosso grupo?

-Sim,sim, disse apressada!!!

Sobre que tema vai discorrer? Mas o que estou fazendo? Mentindo? Por que quero ser aceita? Não, Lucimara, não deve ser por aí... Afastei-me envergonhada.
Sai para o Jardim, precisava esperar mesmo. O Jardim muito bem cuidado! Havia nele uns bancos de madeira... Vislumbrei varias pessoas sentadas...
Ah.. Mas que coisa triste!!! Pensei quase chorando. Não consigo me encontrar... Onde estão minhas colegas, nós combinamos chegar juntas!!! Porque elas não chegam?? Por que não vieram no mesmo voo! Parece um pesadelo!
Nisso, vi alguém só, sentado num banco. Me dirigi até lá. Era uma moça encorpada, mais parecia um homem...
Me aproximei e perguntei-lhe:

- Também estas esperando a chamada? Ela respondeu

- Mas que chamada???

Que pessoa mal humorada e mal educada também, poderia ter sido menos grosseira... Ela levantou e dirigiu-se a outra moça baixinha e loira depois voltou... Sorriu para mim e convidou-me a entrar no hotel. Disse-me:

-Precisamos entrar, pois está quase na hora da Conferência e preciso ainda dar uma revisada no tema que irei tratar. Vamos?

Que mania tenho de fazer julgamentos precipitados "não julgueis para não seres julgado” disse Jesus, pensei comigo, está na Bíblia. Albert Einstein também citou"quem decidir se colocar como juiz da verdade e do conhecimento é naufragado pela gargalhada dos deuses''. Li não sei onde isso. Precisa te corrigir, Lucimara...
No curto trajeto até a entrada do hotel, conversamos banalidades, mas pude perceber que ela era muito instruída, falava com propriedade sobre vários assuntos, pelo menos daqueles que tratamos no nosso curto percurso. Tive a sensação de que ela sabia o que eu havia pensado dela. Me senti constrangida. Preciso me corrigir pensei!
- Até breve disse-me e entrou no hotel.

Entrei a seguir e fui direto solicitar a chave! Acho que já dera tempo de sobra...



Novamente deparei-me com muita gente acotovelando-se no balcão, parecia-me ser excursões ou daqueles grupos onde um se identificava e os demais o seguiam, alguns muito amargurados, outros com ares festivos!!! Mas todos tinham uma destinação conforme as acomodações do hotel!

Olhei pela janela, delineava-se o entardecer. Agora sim comecei a entrar em pânico mesmo. Sempre fora rígida com os horários, ia perder a conferência, não tinha quarto, não encontrava com minhas colegas, meus documentos... Perdi-me dos meus pertences!
Meus pertences! Ah... O sentido agregador do homem, mas sem eles fico sem referencial! Sou Lucimara !!! Mas como vou provar isto? Que angustia... Oh! Deus orei baixinho. Estou tão sozinha... Longe da minha cidade, dos meus parentes e amigos... As lágrima molham minhas faces, mas que importa? Ninguém me vê mesmo!!! A fé é minha única esperança!!!

Senhora! Sua chave mostrou-me o rapaz!

- Obrigada e corri para o elevador, o numero de meu quarto era 554, que bom!

- Quinto andar, por favor! Ah! que alegria!

O número chegava ofuscar minha visão. Abri a porta!

Mas como? Era um quarto de hospital???

Minha cama hospitalar estava vazia, bem estendida com lençol verde claro. Sentei-me nela atônita!!! Observei a companheira de quarto, o soro gotejando.

- Dá licença - entra a enfermeira - trouxe seus medicamentos! A senhora está bem?

Ela respondeu com outra pergunta. E apontou para meu leito, Como está?

-Não resistiu a pobrezinha...

Num instante eu estava no necrotério. Como? Havia duas Lucimaras? Não aquela que ali estava, não era eu!!! Não podia ser eu! A pele amarelada, jogada sobre uma maca, o braço direito caído inerte e rígido!!! Não pode ser gritei a plenos pulmões...
Vi o médico consolando meus filhos que choravam. Não é mais ela é apenas um corpo!
E eu?

Agora para onde vou???