NATAL,NATAL,NATAL

Está se aproximando o Natal e, com ele, a esperança de um mundo melhor. A magia do mês de dezembro deveria se alongar aos demais meses do ano. O clima fica festivo, músicas natalinas por toda parte. Há, no ar um espírito de fraternidade e alegria
O Natal é festa em família... Isto me faz lembrar dos natais de minha infância ,tão diferentes dos de agora,mas nem por isso, menos gostosos!
Não tinha geladeira, fogão a gás, nada das comodidades de hoje. Lembro minha mãe, sempre atarefada fazendo doces caseiros, com bastante açúcar que era para não azedar. O pinheirinho era um galho da própria árvore e que depois de enfeitado não se podia, mas de jeito nenhum, abrir a janela: O vento poderia derrubar as bolinhas coloridas, muito raras, caras e de vidro!!! Se caíssem, quebravam mesmo! E não tinha onde comprar outras. Meu irmão mais velho tinha a tarefa de trazer o galho de pinheiro logo cedo na manhã do dia 24. A melhor toalha era colocada na mesa para a ceia natalina. E nós, pequeninos, tomávamos banho cedo, colocávamos roupa nova que mamãe fazia, pois era costureira de mão cheia. Mas tinha um pormenor: não podia se sujar!!!
Tinha que esperar a chegada de Papai Noel, lembro que demorava... Ficava com sono.
A ceia era servida à meia noite, não sem antes todos participarem da Missa do Galo, onde o padre falava de Jesus, onde Ele nasceu e quem foi Jesus.Eu gostava mesmo era do presépio... Ocupava toda uma ala da Igreja matriz da cidade, era enorme, mas, também, eu era pequena. Hoje penso que talvez não fosse tão grande assim...
Minha mãe assava as cucas de Natal num forno fora de casa, aquecido a brasas. Papai era encarregado dos presentes... Talvez por isso ele nunca tenha ido junto na missa. Todos ganhavam presentes, não ficava ninguém de fora, mas não antes de levar um sermão e a ameaça de uma vara de marmelo. Claro que ficava só na ameaça...
Meu coração batia forte numa ansiedade indescritível pela surpresa do presente e o medo de pegá-lo com o Papai Noel. Era muito feio, não tinha roupas vermelhas, parecia mais o Mago Merlin. Mas a barba me impressionava muito era comprida, branca e crespa. Minhas tias e minha mãe faziam papelotes (uns cachinhos enrolados com papel) com certeza a moda era cabelos crespos. O meu era comprido e usava trancinhas sempre com topes de seda xadrezes, que só podiam ser usados nas festas. A mãe comprara na Casa das Sedas....
Sininhos tocando, apaguem a luz! Penumbra completa... Psssiu... Papai Noel chegou! Meu irmãozinho maior me abraçava e dizia: É agora mana! o irmãozinho do meio, todo bonitinho de calça curta de albene se escondia atrás da saia da Mita nossa querida Mita, que era tia porque se considerava da família. E era ,e foi uma grande pessoa que só sabia amar... Nesta hora eu invejava a maninha, bebezinha, toda de rosa, que dormia tranqüila no bercinho de de vime... E que ganhava presente sem precisar pegar da mão do Bom Velhinho.
Acomodado, o Papai Noel começava-se a distribuição dos presentes. A cada chamada o coração disparava... Papai Noel dizia: “Fiquei sabendo que...” e enumerava todas as artes que a gente fazia. Isto me intrigava, como ele sabia? Bom ,ele era o Papai Noel morava no céu e de lá via tudo... Após a entrega dos presentes, sentávamos à mesa. Parece que sempre esperando alguém que tinha se retardado no serviço... Claro que era meu tio, irmão mais novo de meu pai que até há pouco tinha sido o Papai Noel.
Na mesa tinha muita fartura, doces feitos por minha mãe e minhas tias, cucas, pudins de leite condensado Moça e outras maravilhas. Peru, todos tinham que comer um pedacinho para dar sorte....E o Natal se prolongava até o Ano Novo. A mesa não era tirada. Só se limpavam os farelos e colocava novas flores naturais.

Toda visita ou pessoa que chegasse participava da mesa para comemorar conosco o Natal. E olha que chegava gente! Noooossa... A casa sempre cheia. Não sei como eles conseguiam esta proeza e os doces e comidas não estragavam!!! Não tinha geladeira.
Meus irmãos e eu procuramos passar esse entusiasmo natalino aos nossos filhos. Nossas Festas eram, ora numa casa num ano ora noutra. Mas sempre reunidos!! Não podia faltar ninguém!
Os sobrinhos todos reunidos, as irmãs e irmãos, os avós com nossos trajse de festa esperando o Papai Noel colocar os presentes debaixo da árvore. Tempos felizes!
Ainda hoje cultuamos o Natal com muito carinho. Embora os filhos tenham tomado seus rumos, acham um tempo para comemorar o Natal. Fazemos viver a criança que mora dentro de nós...

FELIZ NATAL